Pescadores fazem contagem de pirarucus em lagos da Amazônia
Até parece história de pescador, mas não é: contar pirarucu é saber antigo, compartilhado entre gerações na Amazônia rural. A contagem é a estimativa do número de pirarucus em um lago, feita “no olho”, graças à habilidade do pescador ou pescadora.
Conhecimento tradicional que foi aliado à ciência e hoje é uma etapa essencial do manejo sustentável da espécie. O Instituto Mamirauá realiza treinamentos para formar contadores de pirarucu e certifica aqueles que estão preparados a seguir na atividade.
“A partir do resultado, o pescador é considerado certificado e já está apto tanto a validar a contagem em suas áreas de manejo como, quando junto a um técnico, orientar novos contadores para a aplicação da metodologia”, explica a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres.
Em novembro, foi a vez de mais dezesseis pescadores passarem pela avaliação, que aconteceu entre os dias 19 e 24 no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas. A 6ª edição do “Curso de Certificação de Contadores de Pirarucu” envolveu pescadores de diversas partes do estado, incluindo os municípios de Maraã, Carauari, Coari e Barcelos.
Posicionados às margens do lago ou em cima de canoas, os contadores anotam quantos pirarucus emergem à superfície da água para “respirar”, movimento chamado popularmente de “boiada”. A contagem acontece durante a vazante dos rios, quando os lagos da região se formam, em áreas de 2 hectares (20 mil metros²) e em períodos de 20 minutos. São registrados apenas pirarucus acima de 100 centímetros de comprimento, de acordo com as diretrizes do manejo sustentável.
"A contagem de pirarucu é fundamental para o manejo, porque fornece a base de dados para o estabelecimento das cotas de pesca a cada ano”, reforça Ana Cláudia. “O manejador interage diretamente com o recurso quando determina o quanto pode ser pescado sem prejudicar a população de pirarucus”.
Os dados das contagens são encaminhados ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que autoriza a taxa anual da pesca manejada de pirarucu.
O método só é possível porque o pirarucu, maior peixe de água doce de escama do mundo, tem respiração aérea obrigatória, precisando subir à superfície em busca de oxigênio. É quando o animal fica visível e a contagem é feita.
Com informações do G1
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